quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Nota

Uma pequena ressalva: os indivíduos que foram citados no post anterior, os quais "se despiram das túnicas revolucionárias", não o fizeram por que são pessoas de má índole, sem caráter ou ruins. Não. Não podemos fazer juízo de valor aqui. A observação que fizemos é simplesmente o resultado de um processo, independente de quão boas ou más sejam as pessoas as quais se submeteram a ele. Portanto não os vejam com maus olhos.
Aliás seria por demais fácil atribuir às pessoas o caos - por que não dizer?- filosófico, ou ainda ideológico maciço o qual vivenciamos. O que devemos fazer é pensar o conjunto de processos que levaram ao atual status. Entender que é complexo apreender o problema, e dificílimo propor saídas...
É isso. Hoje é só essa ressalva.

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

"Uma pequena introdução" ou "Uma muito breve reflexão"

A exemplo de artistas que não gostam de alguma de suas obras e a destrói, apaguei o primeiro post, posto que o julguei demasiado piegas e descomprometido com qualquer comprometimento nobre, válido e instigante. Dessa forma, reitero, póstumamente portanto, a finalidade deste blog, qual seja apresentar idéias vagas ou não; científicas ou não; objetivas ou não; com intuito de gerar algo ou alguma coisa no leitor que o instigue a certos pensamentos ou atitudes libertárias, de modo que se desprenda das fortes amarras sociais existentes no cotidiano - como bem expôs Althusser em seu "Aparelhos Ideológicos do Estado" - e, por consequência, morais; ou não.
Pois bem. Explicado o porque de existir do blog, coloquemos sua existência em atividade. Devido o horário - mesmo sabendo que este não deveria ser um empecilho para um "blogger" - o texto será minúsculo. Minha colega acadêmica diria se tratar de um "textículo". Eu digo se tratar de uma breve reflexão. Sobre o quê? Acho que tenho algo na cabeça, no mínimo interessante.
Hoje assisti a um documentário chamado "O Sol". Trata-se do jornal homônimo lançado, se bem me lembro, em 1967. Seu intuito era servir de "escola" aos jovens universitários, uma espécie de "empresa júnior" que observamos nas faculdades de administração, economia e contábeis de hoje. E que escola era! Um jornal contestador em pleno ambiente inóspito da já criança ditadura militar. Seu conteúdo era, portanto, elaborado por jovens universitários sedentos pelo novo. Para constatar essa sede, basta levar em consideração o cenário histórico e cultural em contexto: o inesquecível ano de 1968. Tão inesquecível que até eu, que sou de 1987, tenho saudades daquele ano.
Eles (leia-se os jovens universitários) queriam o novo. Queriam romper com o presente. Derrubar a ordem vigente. Como bem observou Gilberto Gil no documentário, surgia uma nova classe no cenário da luta política brasileira: os estudantes. Era a revolução deles; a hora de mudar a sociedade. Não havia interesses econômicos e/ou políticos de classes sociais já cristalizadas que os impulsionassem. O que os fazia lutar era o ideal de um melhor mundo possível. Utópico, não?...
O contraste - e eis aqui o ponto central da reflexão - é que as pessoas que contam as histórias - sim, as histórias emocionantes e inspiradoras daquela época - no documentário são homens e mulheres de 50 ou 47 anos que parecem ter se descaracterizado; despiram-se das túnicas revolucionárias e hoje são simples peças, ao melhor estilo neoliberal, do mega-mecanismo chamado modo de produção capitalista.
E aqui vem o problema - que nada mais é que um exercício indutivo-hipotético face ao parágrafo anterior: se a geração de 68, pujante, liberta, revolucionária qual era, se transformou no que observamos no documentário, qual será o destino da minoria da juventude que intenta um novo mundo possível, levando em conta o mundo neoliberal perverso no qual nos inserimos? Aí é interessante e bom lermos Milton Santos...